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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pensamentos e anseios de um guru

"Parece extremamente improvável que a humanidade, de um modo geral, algum dia seja capaz de passar sem paraísos artificiais. A maioria dos homens e mulheres leva uam vida tão sofredora em seus pontos baixos e tão monótona em suas eminências, tão pobre e limitada, que os desejos de fuga, os anseios para superar-se, ainda por uns breves momentos, estão e tem estado sempre entre os principais apetites da alma."
Aldous Huxley

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Grito (por Aline)


Vemos ao fundo da pintura um céu de (cores quentes), em oposição ao rio em azul (cor fria) que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo (onde o que interessa para o artista é a expressão de suas ideias e não um retrato da realidade). Vemos que a figura humana também está em cores frias, azul, como a cor da angústia e da dor, sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário.
Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura, como se entortando com o berro, algo que reproduza as ondas sonoras. Quase tudo está torto, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. Tudo que se abalou com o grito e com a cena presenciada está torto, quem não se abalou (as pessoas) e a ponte, que é de concreto e não é "natural" como os outros elementos, continua reto.
A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, é dolorosa também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem. Nos introjetamos no quadro e passamos a ver o mundo torto, disforme e isso nos afeta diretamente e participamos quase interativamente da obra.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CRUZ E SOUSA (por Aline)

Tédio

Vala comum de corpos que apodrecem,
Esverdeada gangrena
Cobrindo vastidões que fosforescem
Sobre a esfera terrena.

Bocejo torvo de desejos turvos,
Languescente bocejo
De velhos diabos de chavelhos curvos
Rugindo de desejo.

Sangue coalhado, congelado, frio,
Espasmado nas veias...
Pesadelo sinistro de algum rio
De sinistras sereias...

Alma sem rumo, a modorrar de sono,
Mole, túrbida, lassa...
Monotonias lúbricas de um mono
Dançando numa praça...

Mudas epilepsias, mudas, mudas,
Mudas epilepsias,
Masturbações mentais, fundas, agudas,
Negras nevrostenias.

Flores sangrentas do soturno vício
Que as almas queima e morde...
Música estranha de fetal suplício,
Vago, mórbido acorde...

Noite cerrada para o Pensamento
Nebuloso degredo
Onde em cavo clangor surdo do vento
Rouco pragueja o medo.

Plaga vencida por tremendas pragas,
Devorada por pestes,
Esboroada pelas rubras chagas
Dos incêndios celestes.

Sabor de sangue, Lágrimas e terra
Revolvida de fresco,
Guerra sombria dos sentidos, guerra,
Tantalismo dantesco.

Silêncio carregado e fundo e denso
Como um poço secreto,
Dobre pesado, carrilhão imenso
Do segredo inquieto...

Florescência do Mal, hediondo parto
Tenebroso do crime,
Pandemonium feral de ventre farto
Do Nirvana sublime.

Delírio contorcido, convulsivo
De felinas serpentes,
No silamento e no mover lascivo
Das caudas e dos dentes.

Porco lúgubre, lúbrico, trevoso
Do tábido pecado,
Fuçando colossal, formidoloso
Nos lodos do passado.

Ritmos de forças e de graças mortas,
Melancólico exílio,
Difusão de um mistério que abre portas
Para um secreto idílio...

Ócio das almas ou requinte delas,
Quint'essências, velhices
De luas de nevroses amarelas,
Venenosas meiguices.

Insônia morna e doente dos Espaços,
Letargia funérea,
Vermes, abutres a correr pedaços
Da carne deletéria.

Um misto de saudade e de tortura,
De lama, de Ódio e de asco,
Carnaval infernal da Sepultura,
Risada do carrasco.

Ó tédio amargo, ó tédio dos suspiros,
Ó tédio d'ansiedades!
Quanta vez eu não subo nos teus giros
Fundas eternidades!

Quanta vez envolvido do teu luto
Nos sudários profundos
Eu, calado, a tremer, ao longe, escuto
Desmoronarem mundos!

Os teus soluços, todo o grande pranto,
Taciturnos gemidos,
Fazem gerar flores de amargo encanto
Nos corações doridos.

Tédio! que pões nas almas olvidadas
Ondulações de abismo
E sombras vesgas, lívidas, paradas,
No mais feroz mutismo!

Tédio do Réquiem do Universo inteiro,
Morbus negro, nefando,
Sentimento fatal e derradeiro
Das estrelas gelando...

O Tédio! Rei da Morte! Rei boêmio!
Ó Fantasma enfadonho!
És o sol negro, o criador, o gêmeo,
Velho irmão do meu sonho!

domingo, 26 de setembro de 2010

Uma letra, melhor que a música (por Aline)

Tédio
Biquini Cavadão
Composição: Sheik / Miguel / Álvaro / Bruno

Alô!Sabe esses dias
Em que horas dizem nada
E você nem troca o pijama
Preferia estar na cama
Um dia, a monotonia
Tomou conta de mim
É o tédio
Cortando os meus programas
Esperando o meu fim...
(Refrão)
Sentado no meu quarto
O tempo vôa
Lá fora a vida passa
E eu aqui à tôa
Eu já tentei de tudo
Mas não tenho remédio
Prá livrar-me desse tédio...
Vejo o programa
Que não me satisfaz
Leio o jornal que é de ontem
Pois prá mim, tanto faz
Já tive esse problema
Sei que o tédio
É sempre assim
Se tudo piorar
Não sei do que sou capaz...
(Refrão)
Vejo o programa
Que não me satisfaz
Leio o jornal que é de ontem
Pois prá mim, tanto faz
Já tive esse problema
Sei que o tédio
É sempre assim
Se tudo piorar
Não sei do que sou capaz...
(Refrão)
Tédio!
Não tenho um programa
Tédio!
Esse é o meu drama
O que corrói é o tédio
Um dia eu fico cego
Me atiro deste prédio...

Pra quem quiser curtir a música:
http://www.4shared.com/audio/ilzgsCle/Tdio_-_BIQUINI_CAVADO.htm

sábado, 25 de setembro de 2010

"Estranhos no paraíso" do Tédio (por An Persa)

"Estranhos no Paraíso": quando eu assisti esse filme, que apesar de ser em P&B, foi produzido em 1984, me senti diante de uma grande obra filosófica. Depois descobri o motivo. O filme de Jim Jarmusch seria, "uma tradução cinematográfica minimalista de uma das obras capitais do existencialismo francê, O Estrangeiro, de Camus"*

A curiosidade não conseguiu matar a gata, que rápidamente foi em busca do que viria a ser um dos mais fieis amigos seus Camus... Um Deus tão grande!
Passei a assistir a esse filme com olhar totalmente "dirigido", onde, na primeira parte experimentamos junto com Eva o sabor de um mundo novo, os EUA, lugar para o qual a personagem húngara, passa a morar na casa de um primo, desocupado, que há tempos já estava estabelicido em Nova York. Os personagens dão início a uma nova vida, onde devem lidar com as estranhezas que lhes são causadas. Não se dando muito bem, e envenenados pelo tédio, os primos partem para visitar uma tia em Clevelend, com quem Eva passa a morar.
Na segunda parte, os personagens, um ano mais velhos, jogam pôquer entre amigos, quando são pegos tentando trapacear iniciam uma fuga, com direito a roubo de carro em diração ao velho oeste, resgate de moçinha e tudo mais. Na última parte, chegamos ao paraíso... quando os três personagens partem em uma aventura, imprevisível, que os levam à Florida.
Temos um perfeito "road-movie às avessas"*, com personagens entediados, incapazes de serem transformados pelas experiencias vividas, perfis que se deixam levar pelas circunstâncias, tendo em si apenas a indiferença.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Meu Tédio (por Aline)


O tédio é o estado de espírito que mais me acompanha. E como ele caminha muito junto comigo, prefiro assumi-lo como uma forma de sentir, não como a ausência de algo.
Segundo Heidegger, esse mal que sofro não é só meu, é de toda a minha geração, mas a minoria o nota.
Ainda de acordo com Heidegger há 2 tipos de tédio. O primeiro é o superficial, quando algo o entedia, um livro, um filme, uma conversa, alguém... E o meu tédio, que seria mais profundo, sem causa, mas que tem uma capacidade monstruosa de encher o pensamento de névoa.
Meu tédio é um sentimento de vazio, de perda da importância, de peso em viver, do arrastar do tempo e do amolecimento das formas.
Não gosto do tédio, mas admito que quando estou nublada me reconheço e compreendo mais. Quando as nuvens passam tenho um sentimento de maior aceitação, de reavaliação de meus valores, de novas visões de mundo, de um renascimento de mim, do surgimento de uma nova existência.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Séra que existir é viver? (por Priscila)


Quase todos os dias me olho, a procura de mim para ver se encontro nem que seja uma pequena fração de mim mesma. Mas eu estou ali aprisionada dentro de um casulo. Aprisionamento do falar e do expressar, mas nunca do pensar. Ajustando- me a sociedade, selva civilizada. E por isso me mato um pouco todos os dias, deixando de viver e sobrevivendo.
Sobrevivendo é isto que sinto que faço quando que calo me omito, deixando de falar o que penso. Expressão de pensamentos e de princípios que parece um crime. Só é possível se expressar moldando- se, uniformizando marchando como soldados. Situação que me angustia, me sinto telespectadora da minha vida assistindo ela passar, esperando pelo momento mais emocionante, que nunca chega e sempre fica para o amanhã, em eterno stand-by. Hoje é só por ele que vivemos, não da para basear-se no amanhã, pois não sei se ele virá.
Tudo isso inquieta meu pensar, não sei que é pior o desassossego existencial que consume e devora ou a possibilidade da resignação. Aceitando que algumas "coisas" são como são.
Sobrevivo não vivo, vou existindo vendo a vida passar como a sua natureza fugaz.

Marcelo Jeneci interpreta "Felicidade" (por Aline)

Curta o Vídeo no studio sp.



Curta o trabalho do Marcelo:
http://www.myspace.com/jeneci

E se gostar:
http://http//www.4shared.com/audio/KWaWerSo/Marcelo_Jeneci_interpreta__Fel.htm

Divirtam-se!

Seguindo a forma "breve e singela"... (por An Persa)

Faço uso das palavras de Godard "as pessoas têm coragem de viver a vida, mas não têm coragem de imaginar"

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Viver

De forma breve e singela defino a vida fazendo uso das palavras de O Banquete: "a vida é sonho e teatro".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Viver sa vie (por An Persa)


Viver a vida, de Godard, um dos meus favoritos do mestre!

Não lembro desse filme ser aclamado, acho que mesmo os críticos de botequim não viram o brilhantismo dessa peça. Já li críticas que colocam o filme na lista dos fracassos do diretor, mas eu acho este um belo filme. Assim como a maioria dos filmes de Godard, este não precisou de passagens notáveis; difíceis, para dar um poder real às ideologias do diretor. Foi um Cocteu: cinema + artes gráficas = imagens referentes às idéias.

A Alegria de Viver de Matisse (por Aline)


A alegria de viver é o óleo sobre tela que marcou verdadeiramente o início da obra do francês Henri Matisse. O quadro foi concebido entre 1905 e 1906 e, e está exibido na The Barnes Collection, em Merion.A distinta tela marcou também um dos maiores factos da história da arte do século XX: o primeiro encontro de Matisse com Pablo Picasso, em Paris, em 1906, e o início de uma "rivalidade cortês", nome com que o historiador Yve-Alan Bois apelidou a relação entre os dois modernistas.A alegria de viver consagrou Matisse como pintor, aquando da sua primeira exibição, em Março de 1906, na cidade de Paris, embora tenha sido fortemente criticada. Reflexo total da influência de Gauguin para as cores, mas também de Ingres para a composição (de inspirações classicistas), este quadro fez com que a «boa sociedade» rebentasse de rir, tanto que há hoje acordo em considerá-lo como uma das fontes da arte do século XX, da mesma forma que Les Demoiselles d'Avignon de Pablo Picasso. Paul Signac vê nele uma puríssima traição, se bem que lembre um pouco o Domingo na «Grande Jatte», de Georges Seurat, porque tem o grave defeito de se abster decididamente de qualquer referência à doutrina pontilhista.Todavia, actualmente A alegria de viver, embora seja tão importante e marque definitivamente o início de uma nova Era na pintura europeia, é muitas vezes esquecido ou simplesmente ignorado.

domingo, 19 de setembro de 2010

Navegue- Fernando Pessoa ( por Aline)

"Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá.
Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é
para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa
de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só
o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas
as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é
outro, se a idade aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega à
parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não
enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo
também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar
necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada".

Ler os conselhos sábios do mestre é tão preciso quanto navegar.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Fome de Viver ( por Aline)

Esta fome que sinto
Não é fome de pão:
É uma fome maior
Pão, não a pode matar.

É uma fome que aumenta,
Quando vejo uma flor,
Um bloco de pedra,
Uma clave de sol.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ouvindo para sentir (por Priscila)



Menina de suingue, voz gostosa de ouvir... Verônica Ferriani
Lançou em 2009 seu primeiro álbum“Verônica Ferriani” e uma parceria com o violinista Chico Saraiva, “Sobre Palavras”.
Curtam esse barulhinho do bom . Afinal música é para todos os momentos. Deixando a melodia te levar , te tomar, te apoderar.

Para Sossegar a Alma...
Vibrar o Corpo...
Matar as saudades...
Trazer lembranças...
Sentir esperança...
Encher de Alegria...
Acalmar a mente...
Aliviar a tensão...
Inspirar tesão...
despertar a imaginação...
Sentir emoção!!!




Vivendo a sonhar... (por Priscila)


Sonhar é viajar sem sair do lugar, enfeitar, construir, morar numa realidade inexistente, só nossa e mais de ninguém. Nós somos feitos para sonhar, de tudo e de todo o jeito.
Eu sonho acordada e mais ainda dormindo. E quase sempre eles são bonitos. Mas sonho parece verdade quando se esquece de levantar. Sonho e realidade se fundem até que não dá mais para separar.
Mas o que não da é para, viver sem sonhar, sonhos acalantam a alma e motivam o espírito. E por alguns instantes a turbulência de viver da lugar a graça de sonhar.
E assim vou vivendo a sonhar...
Sonhos de todas as cores, de todas as formas, de todos os gostos, sonhos comuns, sonhos estranhos. Sonhado em todo lugar.
Mas o sonho precisa morrer para virar realidade. Na fantasia do sonhar outros sonhos sempre nasceram.


Sonho de um Sonho

Sonhei
Que estava sonhando um sonho sonhado
O sonho de um sonho
Magnetizado
As mentes abertas
Sem bicos calados
Juventude alerta
Os seres alados
Sonho meu
Eu sonhava que sonhava
Sonhei
Que eu era o rei que reinava como um ser comum
Era um por milhares, milhares por um
Como livres raios riscando os espaços
Transando o universo
Limpando os mormaços
Ai de mim
Ai de mim que mal sonhava
Na limpidez do espelho só vi coisas limpas
Como uma lua redonda brilhando nas grimpas
Um sorriso sem fúria, entre réu e juiz
A clemência e a ternura por amor da clausura
A prisão sem tortura, inocência feliz
Ai meu Deus
Falso sonho que eu sonhava
Ai de mim
Eu sonhei que não sonhava
Mas sonhei

(Martinho da Vila)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sonho Constante ( por Aline)

Meu sonho! Meu sonho,
Que teima em luzir,
No brilho persiste.
E ao tempo resiste,
É flor da distância,
Que nunca fenece.

A estrela do sonho
É flor dos espaços,
Que ao tempo resiste
Cintila, refulge,
No brilho persiste
E nunca fenece.



domingo, 12 de setembro de 2010

Mr. Sandman

Os sonhos abrigam muitos mistérios. Sempre nos indagamos o que é o sonho. Uma simples fantasia? Os nossos mais íntimos desejos? Ou a extensão da Realidade? Mas nesse caso o que é a Realidade? Ou ainda o que é o Real?

Para Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, "a vida e os sonhos são páginas de um mesmo livro. A leitura contínua chama-se vida real. Mas quando o tempo habitual de leitura (o dia) chega ao fim e vem a hora de descansar, então às vezes continuamos, fracamente, sem ordem e conexão, a folhear aqui e acolá algumas páginas: às vezes é uma página já lida, muitas outras vezes uma outra ainda desconhecida, mas sempre do mesmo livro" (Die Welt, I, § 5).

Numa inspiração súbita de Neil Gaiman ao criar sua versão do “mestre dos sonhos”, somos levados por Sandman a acreditar no quanto precisamos e dependemos dessa relação misteriosa que temos com o sonho.
Uma das passagens mais intrigantes e reveladoras da concepção de Gaiman sobre os sonhos acorre na ida de Sandman ao inferno. Após uma batalha no campo do inferno vencida por Sandman, os "reis do inferno" retrucam dizendo que o vitorioso não sairá vivo do campo, pois “que força tem os sonhos no inferno?” Rápido e sabiamente o Mestre dos Sonhos responde: “Que poder teria o inferno, se os prisioneiros daqui não fossem capazes de sonhar com o CÉU?”

Que poder, que força tem os sonhos? Concluo que sonhar é sobreviver. Ou ainda, sonhar é viver.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sonho (por An Persa)

Eu não estudo tanto o espiritismo (kardecista) ao ponto de me dizer espírita, mas a leitura que realizo todas as noites antes de dormir, me acalenta e me traz uma felicidade estranha. Toda noite, ao dormir, é como se fosse uma nova aventura. Sonhos que eu penso, serem influência da leitura.

Já sonhei que eu conheci a Guia da minha mãe, quando olhei pra ela, senti uma paz; um amor, tão grandes! Eu a abracei e agradeci por guiar a minha mãe. Na casa dessa senhora tinha um cachorro muito grande, mas ele era diferente dos que conhecemos, parecia participar da conversa, ele nos entendia com o olhar, e nos respondia com os olhos também.

Sonhei, uma vez, que eu ia reencarnar, e estava com medo, porque não queria deixar o “meu pai”, porque eu não ia gostar do meu “novo pai”, e alguém me disse: “você vai amar esse pai como você me ama!” meu coração, com dificuldades se acalmou, e eu entrei em uma espécie de bonde, e haviam muitas pessoas me dando adeus. Eu me sentia como se estivesse morrendo, era como morrer ao contrário, como se nascer fosse tão triste quanto morrer.

Por falar em morrer, faz um ano que minha avó morreu. Nunca ninguém tinha morrido pra mim! Até hoje não acredito no que aconteceu, até falar que ela morreu é estranho!
Pra mim, ela ainda está na casinha dela, e quando eu chegar lá, ela vai ouvir o barulho do portão se abrindo (porque casa de vó a gente sai entrando), e vai pra porta com um pano de prato na mão, e enquanto o coloca pendurado em um dos ombros, vai dizendo: “Minha filha, como vc tá bonita! Ninguém tem uma neta assim!”
Ai eu vou abraçar ela com o carinho de sempre e dizer que eu tava com muita saudade, ai ela vai cozinhar algo sem sabor pra mim, porque ela não pode comer nada que tenha gosto, eu vou encher a comida de sal, ela vai brigar comigo, eu vou dizer: “é melhor eu comer enquanto eu posso, porque depois vou ficar igual a vc, vivendo de comida com gosto de papel higiênico sem cheiro” ela vai se escangalhar de rir (com o sorriso do Muttley rsrsrs)
Depois de comer, eu ia arrumar a cozinha pra ela, e íamos ver televisão, mas não veríamos T.V. Íamos conversar, ela ia se lembrar de quando eu era criança, de quando minha mãe era criança... ela tinha guardado na memória histórias inteiras de vidas e de vidinhas, que ela ajudou a florescer.

Nem eu sabia que ia sentir tanta saudade!
Acho que é por isso que sonho tanto com ela! Sonhos que são meras repetições da vida, como esse que acabo de contar, e outros, mágicos, no qual ela me diz que está viva em outro plano, que aqui ninguém sabe de nada, e que eu tenho muitos amigos me esperando.
Nos sonhos que tenho com ela, o que mais me parece real, são os cabelos da minha avó, eu os adorava! Ela pintava de loiro, eram extremamente lisos, e eu achava que se fossem todos branquinhos seriam mais lindos! Dias antes de morrer ela se lamentou por não ter tido tempo de pintar o cabelo e fazer as unhas... ela queria estar bonita quando chegasse sua hora!
Eu não tive força pra vê-la de perto depois que tudo aconteceu. Mas nos meus sonhos ela está sempre tão bonita, e seus cabelos... fico tão feliz quando os acaricio!!!
Quando tudo aconteceu, lembro que por dias desejei ter podido dar um último abraço nela, mas ainda assim, não seria o último, porque ontem mesmo nós nos abraçamos como o mesmo amor que sempre tivemos, desde que eu nasci.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Rodrigo Maranhão - Sonho ( por Aline)

Rodrigo Maranhão está com novo disco, Passageiro, lançado pela Universal Music e recheado com 12 faixas que confirma o talento e a criatividade do músico.Xotes, sambas e suingue fazem parte do Universo de Rodrigo Maranhão, que já foi gravado por divas como a Garota Carioca Fernanda Abreu, Maria Rita e Roberta Sá entre outras.Passageiro, traz inéditas do compositor que encanta pela sublimidade e pelo tom brejeiro que apresenta suas obras. O eterno companheiro, o Violão, faz com que as canções sejam permeadas por nuances de simplicidade e de refino singular. Rodrigo faz música para sonhar...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Velho amor / Novo amor (Por An Persa)


Lavoura

Quatro da manhã dor na apogeu
lua já se escondeu, vestindo o céu de puro breu
E eu mau vejo a minha mão, a rabiscar esboço de canção
Poesia vã;
Pobre verso meu;
Que brota quando feneceu;
A mesma dor que concebeu;
Perdido na alucinação... do amor,
Acreditando na ilusão;
Canto pra esquecer a dor da vida.
Sei que o destino do amor é sempre a despedida.
A tristeza é o grão.
Saudade é o chão onde eu planto.
No peito da solidão é que nasce o meu canto
No peito da solidão é que nasce o meu canto

*******************

Valsa da saudade

Onde estava tanta estrela que eu não via
Onde estavam os meus olhos que não te encontravam
Onde foi que pisei e não senti
No ruído de teus passos em meu caminho.
Onde foi que vivi
Se nem me lembro se existi
Longe de você.
Ah! Foi você quem trouxe essa tarde fria
E essa estrela pousada em meu peito
Ah! Foi você quem trouxe todo esse vazio
E toda essa saudade, toda essa vontade de morrer de amor.


Porque o samba é de ouvir e o amor de amar... por todas as vidas!
You are the thunder and I am the lighting...
Nós somos fogo, nós somos fogo, nós somos fogo e gasolina.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Arrependimento (Por An Persa)

Eu nunca vivo o meu presente, passei a vida vivendo outros presentes já passados. Primeiro eu vivi a fase "eu queria ter nascido em 1840 e morrido em 1860, como tuberculose e o coração partido".

Eu devia ter uns 13 anos quando conheci o "mal do século", pelo que eu sofria, até hoje acho que os poetas ultra-românticos não devem ser apresentados para adolescentes, se bem que dificilmente isso é feito.

De todo modo, eu vou proibir os meus filhos de lê-los, pelo menos até os 18 anos... as crianças são muito influenciáveis!

Você apresenta ao seu filho, um grupo de poetas jovens, mais boêmios que estudantes, cuja maioria morreu, antes mesmo de poder vir a ser um pós adolescente idealista, deixando de herança poesias repletas de pensamentos languidamente eróticos e obsenamente sarcásticos.
É o mesmo que chegar em um cara de 15 anos, que já está cheio dos desesperos dessa idade, fazê-lo ouvir "Down in a Hole" enquanto o ensina a apertar um baseado. Se ele não se jogar da janela do quinto andar até o final da música, terá uma overdose de paçoca até o final do CD!

Devaneio; erotismo; melancolia; tédio; depressão; auto-ironia masoquista... por fim, desfigurações de um ideal de vida, que se quer desejou sair do caos no qual, os jovens em fase de estagnação se alienam.

Pensando bem, acho que ler ou não ler os ultra-românticos, não é bem a questão, esses sentimentos nunca nos deixam, tudo o que fazemos é tentar não lembrar.