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segunda-feira, 25 de março de 2013

A Lista do Desperdício (por Aline)

Quantas horas passamos pensando em alguém que julgamos ser especial. No que a pessoa está fazendo, se também pensa em você  se te ama, nos momentos passados juntos, nos braços, no peito,  nos dedos, na boca, possibilidades mil. Quando gostamos horas bem empregadas, quando se acaba quanto tempo jogado fora.
Quanto beijos! Melados, doces, salgados, babados, vermelhos, de virar os olhos, de tremer as pernas, de arrepiar, de perder o juízo. No fim? Quanta saliva necessariamente trocada.
Quantos abraços! Sinceros, apertados, arrochados, belos, na praia, na fazenda, numa casinha de sapê. Todos verdadeiros e cheios do mais puro sentimento. Ao fim,  Considerados vazios e até o mais franco vira coisa do calor do momento.
Quanto sexo! Orgasmos, carinhos, mordidas, tapinhas, gemidos, suor, corpos entrelaçados, ligações, prazer. Ao término reles troca de fluido sem qualquer porquê.
Parece que a gente vive pra perder. E que no fim tudo se resume a imensa falta.

"O Carlos foi meu balão. E eu o soltei. Ninguém me fez a aliança de barbante no dedo. Quem seria capaz de entender o nosso amor? Quem? Quando abri mão, o balão se foi. E eu a olhar para cima, a vê lo subir céu afora. Até desaparecer. Fiquei com a lembrança dele. Nítida, perfumada, cheia de sons e sabor. O tato às vezes me vem em sonho. Não é pouco. Sou grata à vida."

Trecho do livro " O arroz de Palma" de Francisco de Azevedo.


Fotografia de Romulo Sousa 


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