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domingo, 22 de dezembro de 2013

Hemingway e Gellhorn (por An Persa)



 
Sinopse:

 
Um filme feito para a TV, mas que possui uma produção digna de cinema.
Dirigido por Philip Kaufman, o filme de 2012, conta a história de um dos casais mais famosos da literatura americana.

Começa no ano de 1936 com a guerra civil espanhola, quando seus caminhos se cruzaram, ele era um escritor famoso e ela uma futura correspondente de guerra.
A história é contada do ponto de vista de Martha Gellhorn, que conhece Hemingway  em um bar. Os dois partem para a Espanha por motivos diferentes. Ele acompanha uma equipe na gravação de um filme republicano (The Spanish Earth), enquanto ela, é uma correspondente iniciante. 

Um romance logo se inicia e continua ao retornarem aos Estados Unidos. Casam-se após Hemingway obter o divórcio de sua segunda esposa. Gellhorn prossegue sua carreira cobrindo as guerras Russo-finlandesa e Sino-Japonesa.
O atrito acontece entre o casal quando o escritor fecha contrato como correspondente de guerra no lugar da esposa para cobrir o Dia D.
Ambos acabam embarcando para a Europa em guerra, a dedicação de Gellhorn ao trabalho e a distancia entre o casal faz com que Hemingway se apaixone por outra jornalista Mary Welsh, que se tornaria sua quarta e ultima esposa, após o divorcio com Gelhorn.
Por fim, a vida do escritor confirma o que foi dito no inicio do filme, pelo personagem  do escritor Scott Fitzgerald, amigo intimo de Hemingway: “Você vai precisar de uma mulher a cada livro”. E quem, seria a mulher à calar esta mente inquieta? Vemos que foi a ultima mulher de sua vida, a que também vivenciou seu "suicídio" acidental (?)




Analise:

Usando imagens de arquivo, o filme transporta os personagens para o tempo da guerra civil espanhola. A sensação que tive, foi bem parecida com minha infância quando assisti Woody Allen em Zelig, na madrugada da Globo, parecia ser verdade.

o filme reproduz este momento em que Hemingway, Gellhorn
conseguem uma entrevista com a líder chinesa Chiang Kai-shek
no momento da guerra Sino-Japonesa em 1941 
Essa sensação fica evidente na cena em que o escritor invade o quarto da Gellhorn para filmar a entrada das brigadas internacionais. Mistura imagens de arquivo, com cenas do filme em preto e branco, manipula imagens antigas gerando uma nova leitura, acrescentando novos personagens. Assim como Woody Allen constrói em Zelig  e Take the Money and run, uma atmosfera documental e fictícia que se confundem.

Este filme, reconstrói a atmosfera da época, nos levando assistir a uma espécie de making off (aos olhos do diretor) das cenas reais vivenciadas e gravadas por Hemingway e Gellhorn, mostrando que desde as causas do século passado a fotografia e o cinema eram recursos usados para documentar e denunciar.  

 
Preciso chamar atenção à cena linda, sexy e ao mesmo tempo cômica (?) de sexo entre os dois em meio a um bombardeio. Bem, não posso tentar descrever o quanto foi bonita essa cena, mas quem assistiu o filme do Villa Lobos, na cena de amor entre o compositor e sua primeira esposa, envolvendo piano, violoncelo e desejo, pode imaginar esta cena, envolvendo poesia, politica e desejo.
 

Outro fato engraçado no filme é quando Hemingway despede Orsson Wells do papel de narrador de The Spanish Earth.  A fala de Hemingway confirma que um grande mocmentarista, não pode ser um documentarista. Por fim, conferimos o que os fãs já sabem, que Hemingway é mais macho que muito homem. Deixo então meu aviso aos que dizem que escritores são maricas: cuidado, o mundo ainda espera por um próximo Hemingway, e meu coração também.




Minha Experiência  com Hemingway:

Eu tentei diversas vezes ler e entender o que Hemingway deixou, mas nunca pude capturar sua intensidade e profundidade, largava o livro pela metade. Depois de assistir esse filme há alguns meses, tive uma súbita boa vontade para com o autor. Dediquei minhas leituras subsequentes às suas obras:

O sol também se levanta
como um amor à segunda vista
Estou completamente apaixonada por Hemingway
Jardim do Édem
Por quem os sinos dobram
Adeus às armas
Arvore de historias e 10 poemas

Percebo em comum entre os personagens de Hemingway, o jogo com a morte e vida, a evidencia de um fim trágico, como uma busca do escritor por enfrentar esse fim, em sua própria vida. Ao longo de sua vida, o tema suicídio aparece em escritos, cartas e conversas com muita frequência, sendo um tema que o atormentava desde o suicídio de seu pai em 1929.
Sua mãe, Grace, professora de canto e ópera, alimenta este pensamento no escritor ao lhe enviar pelo correio a pistola com a qual o seu pai havia se matado. Hemingway, questiona então se ela queria que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança.
Aos 61 anos e sofrendo as consequências de sua vida boêmia, Hemingway optou pelo suicídio.
 

Este escritor virou um grande amor, e eu o leio, não só pela leitura, mas por ser ele, como é.


"sobre os escritores, os melhores, são os mentirosos"
Ernest Hemingway.
 
 
 
 


 

 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Foda-se quem poder: a vida (por Marcel de Souza¹)


Camile caminha apressada, chão molhado, sandália fina, casaco novo, limpo. Cor de rosa.
Era dezembro? Eu me lembro!
Mas fazia verão, janeiro, outono, Março.
Era tempo que não cabia no contar dos lábios  de André.
Eram todos. Dois, um pro outro.
Para um, era samba de esquina gelada. Mas com o calor da prosa doce do malandro sibilando amor em versos tristes. Para outro, era mais do que poesia.
Eram dois mas eram um.
Nem Marisa gemia aquele amor  tão aflito. Amor com gosto de saudade recém renovada. Juras silenciosas assinadas por um sorriso.
Camile havia enfim ENCONTRADO. André também.
Ele dizia entre as tardes de beijos: Nossos filhos? quatro ou três? Nosso amor não precisa de um teto se o chão for feito de estrelas. Todo tempo do mundo é pouco contigo. É coisa de três vidas inteiras. Mãe dos meus filhos...
Eram falas finas, apelidos bobos mas sinceros.  Apelidos que, na distância do toque. Evocavam tamanha doçura. Ela era rio seco, chão arenoso, cavalo sem dono, sem roça. Era toda menina, perdida, mesquinha, sublime e sensível. André à fez desabrochar,  fez da menina, a mulher, fez das dúvidas apenas certezas. Trouxe o caminho e ela andou. Pelo menos assim pensou. André era triste. Coração carregado de nada, homem de lata. Se fez carne com o toque calmo,  humano e apaixonado de Camile.

Mas a maré nem sempre é calma. Há dias em que na 'pequenez' do ser, mais um não cabe: “Eu não sei” um dizia. Jovem, confuso. É preciso morrer de amor pra entender que nem sempre se sabe a hora de um começo, nem a tristeza de um fim. Mas então: A CERTEZA, o choro, palavras ditas, calmantes. Era inegável a semelhança:
“me reconhecer no teu sorriso.” “ te quero assim mesmo, eu sei, EU SEI!”
Quando não era um, era o outro. Nossa história, nosso jeito:
“Meus caminhos traçados por erros, acertos. Mas ainda assim, eram meus.”

Naquela tarde, naquele banco. No céu. No alto, apenas uma estrela como testemunha. O calafrio fino, enamorados:
 “Se o meu céu anoitecer?” “eu te ilumino!” “Mas e se eu me perder???” “Eu te encontro!”
Apenas ouviam os dois. Não havia barulho. Nem o da estrela. Que estrela não era. E nem o desgaste da mesma, na atmosfera. Olhos em riste, um no outro.  Dedos suados, entrelaçados. Alguns segundos. Uma palavra:
 “E, se EU........”

Nada mais restava. Qual seria a chance? Nem mesmo a matemática poderia prever.  A pedra fria, queimada, O CHOQUE, e nada mais restou. Nem banco, nem sombra. Nem sinal de tudo aquilo.
O sol se punha, e absolutamente nada se alterou. O som foi ouvido de longe. Pessoas correndo vieram. E nenhum vestígio, nenhuma vírgula de sonho daqueles dois. Nenhuma carta, nenhum bilhete, nem todas as coisas do mundo...
Ninguém soube.
Ninguém notou.

¹Marcel de Souza é um amigo de longa data, aos meus olhos, ele é artista, principalmente por não se ver como um. Está sempre criando. Ganha a vida como desenhista, sobretudo, de pornografia, e vende seus originais na internet.  (Ver site: MarcelTheSouza).
Marcel é ainda um dos idealizadores e colaborador do podcast de filmes pornôs caralhinhos-voadores
Escreve por inspiração e inquietação, entretanto, não sabe ao certo o que fazer com o resultado. Este conto é um dos seus produtos. Me identifiquei muito com o que li, o conto me transmite  melancolia e por fim me fez flutuar, como uma musica que para de tocar antes do acorde final

sábado, 14 de setembro de 2013

Invocação do mal / sexta feira assustadoramente 13 (por: An Persa)


Uma pena ter sido dublado


Desde os anos de 1950, o casal americano Lorraine e Ed Warren investiga os mais assombrosos casos paranormais, fundaram um centro de pesquisa, escreveram uma série de livros e ainda instalaram um museu de artefatos amaldiçoados no quintal de sua casa, em Connecticut.
Ed morreu em 2006, mas Lorraine está ainda na ativa, fazendo participações especiais em programas de TV.
O casal soma mais de 10 mil casos solucionados, muitos dos quais, os próprios, provaram serem fraudes, incluindo aí a delirante história de Amytiville, que mais tarde (1979) viraria uma franquia para o cinema, com refilmagem em 2005. "Invocação do mal", é o primeiro roteiro a sair da gama de historias que envolve o casal Warren.

Assisti esse filme na adorável sexta feira 13 (setembro/2013), pensei que fosse passar por divertidos momentos de suspense, com alguns gritinhos de susto, como é de tradição, mas eu fiquei realmente emocionada com o filme, que somou, uma boa historia de terror, excelentes interpretações, e uma direção bastante criativa, que foi capaz de contar a historia de modo a deixar o espectador um tanto, flutuando no tempo até que possa se localizar no momento em que a vida dos personagens se encontram.

No filme o casal Warren foi interpretado, com muita verdade, por Vera Farmiga (Lorraine) e Patrick Wilson (Ed), que partem para ajudar Carolyn (personagem da brilhante atriz Lili Taylor) e Roger Perron (Ron Livingston) e suas quatro filhas, pois A família começa a vivenciar casos inexplicáveis ao se mudar para um casarão do século 19, em Rhode Island. 

Além do mau cheiro que vaga pela casa, a filha mais nova ganha um "amiguinho imaginário", enquanto sua irmã (da mesma faixa de idade) vaga sonâmbula pela madrugada. Marcas aparecem no corpo da mãe das crianças, e sua filha pré adolescente se desespera com um vulto que ninguém nota. Tudo acontece sempre a mesma hora 3:07 da madrugada, quando todos os relógios da casa param e ruídos e batidas apavorantes deixam a familia inquieta. 

James Wan, o diretor, assina também por "Jogos mortais" (o meu suspense favorito) e "Sobrenatural". Agora sim, entendo o motivo de ter ficado tão tensa e inquieta com esse filme. James tem um grande talento pro terror, carrega seus filmes de um clima noir poderoso, de modo Hitchcockiano retira proveito do som, da luz, para aumentar o suspense das cenas, reconstruindo a realidade fantastica que esperamos de um filme de terror.

O roteiro dos irmãos Chad e Carey Hayes (de "Colheita do mal"), é uma meia verdade. Soube que o casal  Ed e Lorraine, na realidade, foram expulsos da casa antes do desfecho. O que, pra mim, imaginar o filme com o final da historia verdadeira, teria sido ainda mais inquietante por deixar o espectador ainda submerso nessa realidade assustadora. O final que vemos no filme, nos faz retornar para a realidade tranquila junto com os personagens. 

A produção é considerada um sucesso e vai (graças a Deus) virar franquia (com uma sequência já anunciada), pois, o que não falta para Lorraine são histórias para contar, incluindo a da medonha Annabelle, a boneca demoníaca que tem participação especial (e inesquecível) neste filme. 

Bem, não vejo a hora de assistir nos cinemas  mais uma historia do casal Warren, e espero que o meu namorado não sofra tanto nos próximos filmes, pois o que mais fiz, foi aliviar a tensão apertando a mãos e braços dele, e dando cabeçadas em seu peito pra esconder o rosto.
Não, meus movimentos não foram friamente calculados.
E, pra você que vai assistir, caso haja alguma doida gritando a cada troca de cena, no cinema, pode ser eu.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ma Citron sucrée n° 1 _ o meu vicio pelo seu bafo (por: An Persa)

eu sou eu e nada mais.
é simplório de mais pra justificar a existência de alguém tão certo como o sol nascente
você está certa... é a certeza que todos são mortais

A melancolia não acaba nem se renova em seres melancólicos como você.
A melancolia, ela habita e reside em cada rabisco que carregas no corpo
Felicidade é um copo de cerveja e uma bela foto sua,
(uma que foque ¹Il tuo bel viso e deixe todo o plano de fundo desfocado.)

Não minta dizendo que não se emociona consigo mesma
emociona-se muito mais com a falta de sensibilidade alheia quando recaem os olhares sobre ti,

Eu depositei meus olhos sobre ti,
E o que quer que sejas verdadeiramente,
(de tudo que vejo, eu enxergo apenas ²son visage parfait et son souffle pur)

Me parasite, então, me parasite mi corazón
seja o que acha indevido, pois eu, eu não vivo nem parasito
Só vez ou outra que eu ainda penso.

como você, estive por vezes prestes a ler cada pensamento,
não... comigo era mais que ler, era mais alto, porque eu ouvia os pensamentos... incluindo os seus

e passadas tantas fugas e todas as sabotagens eu ³"não quero ser igual, mas sinto como se devesse".

os que querem ajudar com conversas viciantes; fedorentas e encharcadas de saliva
estes são os únicos que deveras me olham,
sinto que devo desculpas, que devo respirar pouco e pausadamente esperando não incomodar.
pois, sou pobre de espírito.
Não. ³"Não existe alívio"!



¹seu rosto lindo
²seu rosto perfeito e seu hálito puro
³Citron sucrée (blog de uma amiga que escreve com muita personalidade)


 



aqui eu pensei em escrever o que eu imagino ser a consciência de alguém, apresento a voz que emerge como razão e oferece respostas ou contrapartidas e atenuantes e usei como base o que li / entendi de Vício e Bafo do blog indicado nesta postagem 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Filmes Completos O Clube de Leitura de Jane Austen - JrBelo (por: An Persa)



  




quantas vezes nos apaixonamos? e quantas são as formas que a paixão pode tomar? 

quando não se ouve a voz de Deus, vamos em busca dela 
eis o que persigo 
a voz de Deus 

quando já não há mais luz alguma a se apagar para que o breu fique mais escuro, 
Deus toma forma,
Deus fala...
Deus disse a mim, Jane Austen 

você pode entender isso?


O clube de leitura, é um filme despretencioso e leve, encontrei por acaso e assistir por insônia.
Sem querer me emocionei com os personagens, e senti que em mim, havia um bocado de cada um deles. Me comovi mais por mim e por eles do que pela Jane Austen ou as citações da sua obra.

Me toquei com a juventude da homossexual que se apaixona de modo arrebatador e breve; com a esposa que ainda ama o ex marido; com a leveza e tranquilidade da senhora que já se casou zil vezes...

Sobretudo, me emocionei com a mulher mais velha que percebeu inteligência no modo engraçado que o rapaz mais novo aproximou o livro O parque de Mansfield com o filme Guerras nas estrelas: império contra ataca, só que as avessas.

Me acabei de chorar quando o casal de completos opostos, em crise, retoma o amor e paixão depois que a mulher começa a ler Jane Austen em voz alta para incentivar o marido que nunca saída do computador, e que acaba tomando gosto pela leitura.

Mas, o que sempre acontece comigo mesmo, é o que aconteceu com a mulher que passou a gostar e a ver "poesia" nas ficções científicas que seu namorado tanto gosta.

Bem, depois de assistir esse filme, apenas quis terminar de assistir o anime Golden Boy, e quem sabe ler alguma Jane Austen em voz alta pra alguém que irá me emprestar outros mangás.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

tudo o que li e o amor da minha mãe (por: An Persa)



(musica tema do filme "O amor nos tempos do cólera" baseado no livro homônimo de Gabriel Garcia Marquez)


gosto de brincar de escrever, muitos gostam. Pra escrever é preciso ler e se eu tenho gosto por isso, foi por incentivo da minha mãe que durante a minha infância lia inúmeras histórias, sobretudo, as da Ana Maria Machado e Pedro Bandeira. Agradeço verdadeiramente por isso, se existe algo que farei quando eu for mãe será ler, ainda tenho todos os livros da minha infância, mas estes quero que sejam lidos pela minha mãe.




quando Maiakósvski cantará novamente? 
¹quando falarmos do amor por ressurreição.

encontramos então a verdade perseguida incessantemente...
o fato real que nos desperta para fora das ²manhãs kafkianas, é na verdade o ³humanismo de Sartre
como Jesus fala do amor
o amor perene
como deduziu a ⁴Dedução de Maiakósvski



*se escrevo é porque leio, se leio, sobretudo, é por ti
feliz aniversário dona Nena





¹resposta de Hugo Didier, no texto Baile do Etéreo
²referente a primeira frase do livro A Metamorfose, "Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso" 
³da palestra O existencialismo é um humanismo, proferida por Sartre em 29/19/1945 acerca de "o ser e o nada"
titulo de um poema de Vladimir Maiakósvski, em Maiacovski – Antologia Poética – tradução E. Carrera Guerra, ed. Max Limonad/SP 1992**




**Dedução - Vladimir Maiakovski

"Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente".

terça-feira, 27 de agosto de 2013

orange juice? mechanics orange! (por: An Persa)

Laranja Mecânica





Mesmo com toda apologia á violência, esse filme é um dos meus favoritos. Mais uma vez recorro ao mestre Godard, que disse, “a arte pode transfigurar a vida mas não pode criá-lá”. Está, então, justificado o conteúdo aparentemente violento do filme, que não deve ser visto com olhar moralista... É um filme provocativo, e como boa obra de arte, trabalha com o inesperado. A questão arte e sociedade deve ser considerada, claro, mas não com olhar superficialmente focado no cru, porque este filme é um biscouto fino!
Gosto de pensá-lo como uma reflexão das vanguardas da arte e, porque não, da política! Toda a tentativa de levar a arte ao cotidiano sofre resistências de todos os lados... essas buscas utópicas por transformações culturais e sociais através da arte, estão intimamente ligados a violência. A cada vez que chegamos aos limites das experiencias artísticas, seja qual for a natureza, estamos trabalhando também nos limites da violência...
Os modelos são inúmeros... Martin luther King e Jesus Cristo ou Malcom X e Moisés. O olho por olho, a arma na mão, a diplomacia e o amor, tudo é violento. O livro e o filme são violentos porque percorrem as artes e a política, e desse modo, não poderia fazê-lo de outro modo que não fosse externando o caos pessoal dos personagens, que controlam e são controlados.
No último capitulo do livro no qual o filme se baseia, há uma reconciliação entre Alex e a sociedade contra qual ele se revoltou... o filme, não mostra isso, o homem é convertido à técnica e já não tem poder de escolha. É justamente contra essa condição robótica, que Alex se revolta. Ele quer defender o homem do processo violento de civilização e ao mesmo tempo, é a personificação da arte.

O filme é dividido em três atos, no primeiro Alex (como Deus da arte) passeia por entre as artes: teatro, dança, música, artes plásticas... e ao fazê-lo os transforma violentamente, através da própria vida, porque vive uma eterna performance. Alex controla, ele dita, por isso espanca um velho logo na primeira cena, é seu aviso de que pretende romper com as tradições. A última cena do primeiro ato, é a morte de uma colecionadora de arte, que reafirma a vontade de transgredir de Alex que possuía o controle de si e fazia outros reféns...
No segundo ato, Alex é pego pela sociedade de controle para controlar seus atos de violência, para isso ele é violentado.
O último ato Alex está sem controle de si, anda agora controlado, mas percebe que não poderá viver sem violência em uma sociedade violenta.

jus d'orange?

(mécanique)


Primeiro:
Nos colocando no lugar (palco) de Alex, vemos que o personagem em si não é violento de modo cru, ele age com violência performática, sua violência é a arte do seu tempo. Por isso ele espanca o velho, ele espanca a tradição, o atraso social.
Na cena do estupro no teatro, Alex interrompe o estupro como um diretor faria, e a cena mostra o ato como uma dança desconexa. Ele não diz que estuprar é errado, e sim que estuprar com roupas e emblemas nazistas é cafona. A forma como o estupro foi feito é que foi mais “estuprante”... A dança aparece mais uma vez, na briga de Alex e Billy Boy, dança contemporânea.
Ao desconstruir a música “cantando na chuva” Alex mostra o que é “amor” em sua fisicalidade (ainda que isso parece subjetivo, mas vamos viajar na idéia...), e a dança e o teatro se unem, como num musical.
A música “Ode a Alegria” é uma constante... ressaltando o sentido filosófico de arte perfeita. Esse olhar filosófico sobre a “sacralidade” da música é sublinhado por Alex durante a cena da saideira na leiteria, quando uma mulher canta Ode a Alegria e um dos seus parceiros faz piadas, Alex fica irritado porque compreende o sentindo intimo de obra de arte que é capaz de transformar.
Os amigos de Alex, não o compreendem. Um exemplo é a cena em que Alex dá uma paulada em um dos seus amigos, Alex quer performance, não quer tirar proveito algum, quer ter o prazer que um criador tem em criar.
No contexto do filme, a mulher que Alex mata com um pênis gigante, é quem possui a violência nas mãos, por ser burguesa e chamá-lo de miserável, por pretender ditar o que é arte. Como personificação da arte, Alex descarta os princípios tradicionais ao matar a personificação de um ditador de moda.

Segundo:
Alex e as instancias da lei.
1.A delegacia inglesa que tortura com lei radical
2.A prisão, que põe Alex nu e o chama por um número assim como nos campos de concentração
3.O Centro: animaliza Alex, que é domado com tratamento cinematográfico, mostrando a violência que é estar em uma sala escura, olhando para uma grande tela, ouvindo um som alto e estando limitado a uma cadeira, devendo silencio. Põe o cinema como a arte mais violenta.

Último ato:
Quando Alex toma consciência de que não é possível viver sem controle. Reencontra pessoas que se vingam, encontra os amigos (antes “criminosos”) nesse momento são policiais (mostra que não há diferença entre o crime e a lei)
Alex nos mostra que não se pode viver sem violência em um mundo violento. Temos aprova de que Alex era mesmo um artista de seu tempo, a única possibilidade de arte de vanguarda, porque vivia inteiramente a arte do seu tempo.
Quando Alex é levado ao centro, é como se uma obra de arte feita para ser manuseada, fosse entregue ao museu, encontra-se com suas funções originais subtraídas de si.
A cena final, onde ele pensa estar transando para uma platéia que o aplaude, garante mais uma vez sua condição de ser a personificação da arte, por elevar a luxúria do seu tempo ao statos de arte.

sábado, 17 de agosto de 2013

Musica para Hemodiálise n 2 (por: An Persa) the Magnetic Fields- All my Little Words

era pra contar uma historia engraçada com uma musica de fundo triste... mas quando estamos felizes ficamos tão sem inspiração.


   






eu só o amei,
 porque um dia eu perdi a memoria e foi só então que eu me lembrei... 
... de reconhecer tudo aquilo que eu nunca mais tinha visto, de novo, ainda. 

E você sabe bem o quanto eu sou curiosa, 
(e sou tanto que me coça) 
que nem pude esperar o meu fígado processar todas as doses que bebi pra me apaixonar... 

por 
vo-cê 

logo me beijou...
e eu não pude vomitar,
de tão longo que foi
 me deixou a desconfiar que tenha sido só pra garantir 
o rim que acabei de lembrar que havia prometido lhe doar, 
(caso um dia precisasse). 

 Lembro exatamente que meu tipo sanguíneo era o mesmo que o seu
 mas eu quis terminar... 
e só devo confirmar 
que foi tudo por conta da triste revelação que fez 
quando me alertou que você não era 0 -

 mas mesmo assim 
eu ainda queria ser só mais uma parte(zinha) de você. 
pra você ter um tiquinho que fosse em parte, meu.

 e nunca mais seria preciso fazer hemodiálise pra acabar com qualquer saudade 

porque é você 
porque sou eu 

um tipo de pra sempre que possa existir
 mesmo depois de acabar
 como um órgão que se possa doar

 ainda que andando e desandando, 
um oito que possa virar o infinito indo e voltando...
 ... voltando e indo.

 Com o seu cheiro de casa
que fica sem parar na minha memoria
 memoria de brigas que levam a outras e outras e outras... 

 e ai, em cada delas eu vou lembrar de todos os outros motivos que nos fizeram brigar até que então, você descobre que uma mordida resolverá... 

porque sou eu 
porque é você.



Feliz dia 17



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Musica para hemodiálise nº1 (por: An Persa) Tardei - Rodrigo Amarante






então eu busco o meu lugar em ti.
 onde eu me escondi ai dentro do seu músculo triste?
seu tom de voz parece recém acordado...
falas tão pouco!
 e nos olhamos

 qual musica devemos cantar agora que morremos?
 morremos nas areias.
 já não nos deixaremos morrer,
 porque as vozes bradam

 cantaremos, cantaremos a Deus pra sempre

 qual Deus?
 eu temo por Deus.

 cantaremos ao Deus que nos abraça!
 então os olhos calam diante de sua pura verdade

 ainda existe amor no peito dele...
ainda existe amor em quem acredita

terça-feira, 23 de abril de 2013

Os Marginais (por Aline)

Assisti em algum lugar o seguinte diálogo:

"- Vc está apaixonada por mim?
- Se eu disser que sim ganho tratamento especial?"

O diálogo não era bem assim, mas é como me lembro. O rapaz curioso para saber se é amado, e a menina, orgulhosa, querendo trocar a resposta valiosa (pelo menos para o rapaz, e para mim) por um tratamento melhor.
Na época extrai dessas duas frases, o que sempre acreditei:

1-  Nada como saber  que alguém gosta da gente, mesmo quando nos tornamos responsáveis por eles ("Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."- O pequeno príncipe).
2- As pessoas que se encantam pela gente merecem tratamento especial, mesmo que não compartilhemos do mesmo sentimento, pq elas gostam da gente,nos valorizam e merecem o nosso carinho.

Cresci aprendendo isso. E sinto que para viver bem, tenho que desaprender tudo. Pressinto que vivo numa sociedade que o bom é viver numa falsa liberdade onde ninguém gosta de ninguém. E se acontecer de gostar? Maltratarei, humilharei, até que me esqueça. Não é conveniente criar laços de afeto na atualidade.
Todos se dizem tão livres, mas já saem com suas armas em punho. Ser ou nao ser? Já era! Se apegar, ou não se apegar? Essa é a questão!!
Acabo o desabafo sem nenhuma conclusão... Talvez somente uma! A vida é feita de quatro letras que tudo cabem, altos e baixos, chegadas e partidas, idas e vindas , perdas e danos, onde os despreparados sofrem, choram se descabelam, escutam Celine Dion, mas no dia seguinte, tiramos a remela do olho, passamos o corretivo, e estamos prontos para outra sem arrependimentos, sem olhar para trás, porque fizemos o que podíamos. O sangue foi derramado, lágrimas cairam, visceras expostas, a doação foi completa. O fato de não ter acontecido, acontece.
Do outro ponto de vista, não sei... Cortei laços com os que vivem de acordo com os preceitos sociais, tanto para ser a favor deles, quanto para ser contra eles.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma dica de Xexéo (por Aline)

Não sabia dessa pitoresca informação, mas cá estou para transmití-la a minha amiguete de Blog, Iaia.
Abaixo,trecho da coluna de Arthur Xexéo no domindo dia 21 de abril de 2013.

"Nunca diga o nome de um filme de Godard em sua versão brasileira. "O demônio das 11 horas", então é, "Pierrot le fou", como no original "Masculino- Feminino" vira "Masculin- Féminin". Godard em francês é mais inteligente."

Esse post foi pra ela! Fã número o do cara! Beijos, sumida!!


quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Pensar (por Aline)

Me disseram uma vez que quando você fala o nome de uma pessoa várias vezes, essa pessoa acaba pensando em vc.

Será que pensamos muito em alguém por que esse alguém está falando diversas vezes o nosso nome?

Há quem acredite que os pensamentos são livres.
Que mentira!!! Os pensamentos têm donos, muitos, vários, o mundo inteiro, e mais metade do universo, menos você.

O trabalho, a escola, o último filme, aquele livro, os momentos, os fatos, a realidade, o tempo, os amigos, a roupa, o comportamento, o outro, a hora, o prazer, a dor, ele ...

Ladrões do mais interminável ao mais fulgaz pensamento que pertence a todos, menos a vc.






quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dualidades (por Aline)


 
 
A noite e o dia
O médico e o monstro
A lua e o sol
O veneno e o remédio
A direita e a esquerda
O sagrado e o profano
O prazer e a dor
Amor e ódio
Masculino e feminino
A loucura e a sanidade
O singular e o plural
O normal e o diferente
O bonito e o feio
O branco e o preto
O alto e o baixo
O muito e o pouco
O sensível eo grosseiro
Casagrande e senzala
O estrangeiro e o brasileiro
Tristão e Isolda
Romeu e Julieta
O vazio e o cheio
O céu e a terra
Pai e mãe
Viver e  morrer
Parar e continuar ...

Poucos sintomas duais inevitáveis da contemporaneidade.

terça-feira, 16 de abril de 2013

De Hoje em Diante (por Aline)

Há algumas semanas atrás, passei por uma situação constrangedora , embaraçosa e humilhante. Tentei escrever, organizar os pensamentos, rever todo o acontecido de forma realística, mas nao consegui. Realizei raciocínios e tirei conclusões, porém não consegui construir a minha vida ainda.
Até que no domingo, 14 de abril, lendo a coluna de Martha Medeiros na Revista O Globo, de título " Quando eu estiver louco, se afaste" , tive uma iluminação que resume todo o momento que passei, passo e que infelizmente passarei ainda por mais um tempo. Eis o trecho:

"Hoje em dia, se alguém chegar perto de mim avisando " sou uma pessoa difícil", desejo sorte e desapareço em três segundos. Já gastei minha cota de paciência com esses difíceis que utilizam seu temperamento infantil e autocentrado como álibi para passar por cima dos sentimentos dos outros feito um trator, sem ligar a mínima se estão magoando - e claro que esses "outros" são seus afetos mais íntimos, pois com amigos e conhecidos eles são uns doces, a tal"dificuldade" que lhes caracterizasome como num passe de máagica. Onde foi parar o ogro que estava aqui?
Chega-se numa etapa da vida em que ser misericordioso cansa. Se a pessoa é difícil, é porque está se levando a sério demais. Será que já não tem idade para controlar seu egocentrismo? Se não controla, é porque não está muito interessada em investir em suas relações. Já que ficam loucos a torto e a direita, só nos resta nos afastar, mesmo. E investirem pessoas alegres, aducadas, divertidas e que não desperdiçam nosso tempo com draminhas repetitivos, dos quais já se conhece o final: sempre sobra para nós. os fáceis."

E depois, ainda se queixam não ter sorte!!!!



segunda-feira, 15 de abril de 2013

Caçada de Ana Martins Marques ( por Aline)



Fotografia de Amanda Gomes


E o que é o amor
Senão a pressa
Da presa
 
Em prender-se?
 
A pressa
Da presa
Em
Perder-se.
 
RETÓRICA: SERÁ?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sincronicidade ou a falta dela ( por Aline)

Às  sete horas queria, às onze não mais.
Tudo pareceu tão escolha do destino!
Se  não tivesse chovido, talvez chegaria mais cedo, talvez fizesse diferença. Será?
Ela chegou a dizer que não ia, em menos de um minuto resolveu ir.
Se tivesse falado com ele assim que o viu...
Se não tivesse lido o recado não teria se machucado. Pelo menos não tanto.
Se não tivesse ido, não tinha visto...
Teria ligado, e passado o final de semana juntos. ( ou nao, era admiradora da covardia)
Talvez houvesse diálogo, um término limpo, sem mágoas e ressentimentos.
Mas tudo indo, ou vindo, aconteceu somente porque ela, inocente, teve fé, consideração e respeito. Esperando o tempo todo que a história se gastasse, vendo até onde iria. Nunca imaginou que ele se nivelaria por baixo, e que a recíproca nunca foi verdadeira.


"Um homem pode aspirar à liberdade de viver sem pressões exteriores, mas ele nunca chegará a ter 'livre-arbítrio'. Nós não determinamos tudo que acontece com o nosso próprio corpo, pois nosso corpo é um modus do atributo extensão. Tampouco 'escolhemos' nossos pensamentos. Assim, o homem não possui uma mente livre, aprisionada num corpo mecânico."

Extraído do livro "O mundo de Sofia" de Jostein Gaardner

"Às vezes, nós estamos numa rota de colisão e nem sequer sabemos. Seja sem querer, ou de propósito,não há nada que possamos fazer."

Fala de "O Curioso caso de Benjamin Button"

segunda-feira, 25 de março de 2013

A Lista do Desperdício (por Aline)

Quantas horas passamos pensando em alguém que julgamos ser especial. No que a pessoa está fazendo, se também pensa em você  se te ama, nos momentos passados juntos, nos braços, no peito,  nos dedos, na boca, possibilidades mil. Quando gostamos horas bem empregadas, quando se acaba quanto tempo jogado fora.
Quanto beijos! Melados, doces, salgados, babados, vermelhos, de virar os olhos, de tremer as pernas, de arrepiar, de perder o juízo. No fim? Quanta saliva necessariamente trocada.
Quantos abraços! Sinceros, apertados, arrochados, belos, na praia, na fazenda, numa casinha de sapê. Todos verdadeiros e cheios do mais puro sentimento. Ao fim,  Considerados vazios e até o mais franco vira coisa do calor do momento.
Quanto sexo! Orgasmos, carinhos, mordidas, tapinhas, gemidos, suor, corpos entrelaçados, ligações, prazer. Ao término reles troca de fluido sem qualquer porquê.
Parece que a gente vive pra perder. E que no fim tudo se resume a imensa falta.

"O Carlos foi meu balão. E eu o soltei. Ninguém me fez a aliança de barbante no dedo. Quem seria capaz de entender o nosso amor? Quem? Quando abri mão, o balão se foi. E eu a olhar para cima, a vê lo subir céu afora. Até desaparecer. Fiquei com a lembrança dele. Nítida, perfumada, cheia de sons e sabor. O tato às vezes me vem em sonho. Não é pouco. Sou grata à vida."

Trecho do livro " O arroz de Palma" de Francisco de Azevedo.


Fotografia de Romulo Sousa 


terça-feira, 12 de março de 2013

O Dia (por Aline)

É sábado. Ela acorda. Toma seu café. Escova os dentes, se veste. Faz meia dúzia de coisas que considera importante. Vai sair à noite, já sabia disso à uma semana.
Almoça. Vê tv. O tempo não passa. Começa a acreditar que esteja vivendo o sábado mais longo de sua vida. Conversa com uma amiga por telefone. Roupas, maquiagem, a noite, homens, um homem, e talvez, a possibilidade de vê-lo.
Horas antes da festa. Chuva. Medo. Probabilidade de que tudo falhe. Conversas nervosas. Noite incerta. Chuva passa. Noite firme. Noite fresca. Noite de promessas.
Preparativos. Banho demorado. Esfoliante. Sabonete. Óleos (merda! Não é uma boa ideia . Perfume favorito (que nunca usa, não tem o costume). Vestido. Sapato novo. Anel, Cordão. Brinco. Tornozeleira. Batom. Rímel. Olhos marcados. Pele Sublime. Bolsa.
Sai. Ainda garoa. Chega na festa. Música. Dança. Olhos atentos. Olhos à procura  Olhos ansiosos. 4:30 am. Vira abóbora. Vai embora. Dá uma volta, ainda há esperança.
Passou uma semana pensando no encontro. Na roupa que usaria, no que diria, nos olhares, onde dormiriam... Ela fez tudo que havia planejado, e não é difícil de adivinhar que ele não apareceu.

*Inspirado no filme Amores Imaginários.

terça-feira, 5 de março de 2013

Quem sabe dos mortos de Lorca? (por: An Persa)

O outono virá com seus buzios
uva de névoas e montes agrupados,
mas ninguém quererá fitar teus olhos
porque tu estás morto para sempre.

Porque tu estás morto para sempre,
como todos os mortos que há na Terra,
como todos os mortos que se esquecem
num monturo de cães que se apagaram.



Alma Ausente _ Frederico García Lorca

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sintomas ( por Aline)

Borboletas no estômago
Ansiedade aguda
Sorrisos sem explicação
Pensamentos distantes
Falta de concentração
Súbito entendimento de canções de amor
Melancolia
Tesão
Atenção dobrada em prováveis mensagens, recebidas ou não
Reler mensagens antigas
Suspiros
Sensações a flor da pele
Aflorado romantismo
Passividade
A necessidade de perdoar o imperdoável, mesmo antes que este tenha sido feito
Necessidade de abraços apertados, beijos molhados e corpos suados
Dor
Insatisfação crônica
Angústia constante
Saudade


Não sei...


Pelo o que andei pesquisando nos livros da vida, a doença se chama AMOR.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Todo ( por Aline)

Vale o corpo como um todo:
cabeça, tronco e membros,
diz a professora
sem saber que a menina
um dia vai crescer
e perder-se nesse continente
de ossos e músculos,
nervos e pelos,
de um corpo jovem
e macio.
Cabeça, tronco e membros:
Vale o corpo como um todo.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Raio de Sol (por: An Persa)

No inverno sem limites
Tão distante daqui
Está minha sobra de romantismo
A esperança de um abraço
Um sorriso familiar
A voz que eu reconheci em meio ao caos...
O que me abranda e me deixa em casa
Sem que a verdade seja esquecida

Tempos idos, tornam-se presentes na memoria
Lembranças inteiras se recusam a ir embora
Como os raios do sol que melancolicamente tentam furar nuvens e neblinas

Olhar pro sul, é como tentar inventar um futuro
Algum futuro pelo qual nos manteremos firme a espera.
Nutrindo a sensação de alívio, quando se olha pro céu nublado, e o Cristo ainda flutua.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Tempos idos n°2 (por: An Persa)

Só pra dizer que te amo e que você é a mulher da minha vida

Eu é que te amo... você é a alegria da minha vida, mostra que é capaz de me amar de todas as formas possíveis. Não acredito que possamos conseguir ficar longe. Vamos morrer juntos, quem sabe até no mesmo dia? As vezes sinto que nos amamos de outras vidas.

Mas amo-te em dobro, o infinito indo e voltando... sim, é de outras vidas.

De todas as outras?

Sim.

Lembra de alguma?

Ah, tenho alguns flashes... felicidades e tristezas.

Outro dia, me vi morrendo, e você segurava minha mão e me olhava com seus olhos fortes e doces. Me olhava, não como quem dizia adeus, mas como quem confirma um encontro. Acordei pensando que havia mesmo morrido. E então, tive a certeza de que será o seu o ultimo rosto que eu verei.

E se eu morrer primeiro?

Se assim for, poderão me enterrar. Vamos nos encontrar em outros mundos.

Nós nos encontramos nesse mundo, e vamos em outros... vamos construir rumos e mundos, vamos nos reunir.

dar a vida
criar novas existências...

Vamos.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Tempos idos (por : An Persa)

Toda a idealização era, até então, uma realidade, mais ou menos, tal qual, nos meus sonhos. Era até melhor, porque era real!

Agora, sinto-me assassinada,
E quem poderia dar-me leves abraços, e acariciar meu corpo como se ainda viva estivesse?
E quem poderia, por alguns segundos, imaginar que não há mais melancolia... e que voltamos às brincadeiras de tempos idos?

Mas o que possuímos é a realidade.
E não quero possuir a realidade, não esta, que sempre existiu paralela à minha imaginação.
Preciso perder-me da realidade, não quero mais possuí-la...
Escolho o lado de dentro da minha mente... onde nós existimos todos os dias juntos.


domingo, 20 de janeiro de 2013

Como Woody Allen pode mudar sua vida? (por Aline)

Ouvi na livraria alguém dizer algo sobre o livro, ou ouvi alguém falar o nome do livro, não lembro muito bem. Mas lembrei do nome do livro, e o levei para casa. O livro em questão era "Como Woody Allen pode mudar sua vida" de Éric Vartzbed.
O livro tem apenas 97 que pedem leitura atenta, mas esta não é uma tarefa das mais difíceis. O livro é um deleite de facílima leitura. Ele é dividido pelos temas mais abordados pelo diretor como: amor, política, religião, espiritualidade, acaso, realidade, ou seja, a vida.

Fotografia: Aline Pereira

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Doente - Agostinho dos Santos ( por Aline)


Casar mais com meu momento impossível. Quando li, tive até uma sensação de ter escrito. Sensação ou desejo de ter escrito. Mas isso não interessa, peguei pra mim. É minha!

Estive doente
Doente de tudo
Dos olhos da boca
Dos nervos até
Dos olhos que viram
Mulheres perfeitas
Da boca que diz
Poemas em brasa
Dos nervos manchados
De fumo e café

Estive doente
Doente de tudo
Estou em repouso
Não posso escrever
Eu quero um punhado
De estrelas maduras
Eu quero a doçura
Do verbo viver



Composição: Carlos Coqueijo

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Medo de deixar,Adeus! ( por Aline)

Docemente me dizem
que está podre. É preciso
cortar logo,
Fotografia de Aline Pereira
já está podre.
Cada vez mais falam
como se um sol
estivesse crescendo
dentro de minha vida.

Pois então, é preciso,
me dizem gravemente,
cortar o que está podre.
Depressa! Antes que o corpo
inteiro fique podre.
E seja um reino aberto
à coroa da morte,
a cujo encontro vou
entre álamos dourados.

Tenho medo quando ouço.
E de medo, começo a apodrecer
onde jamais pensei
que pudesse ficar podre.
Pois nunca teve corpo.
Adeus, estou com medo.
Mas não é de morrer.
Talvez nem seja medo.
É pena de deixar.
Adeus,já me despeço.
Me enganam,
com morfina me ajudam
a ser um ser sem medo.
A pena já não dói.
Pois tudo se acaba.

Vai acabar,ADEUS!