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domingo, 22 de dezembro de 2013

Hemingway e Gellhorn (por An Persa)



 
Sinopse:

 
Um filme feito para a TV, mas que possui uma produção digna de cinema.
Dirigido por Philip Kaufman, o filme de 2012, conta a história de um dos casais mais famosos da literatura americana.

Começa no ano de 1936 com a guerra civil espanhola, quando seus caminhos se cruzaram, ele era um escritor famoso e ela uma futura correspondente de guerra.
A história é contada do ponto de vista de Martha Gellhorn, que conhece Hemingway  em um bar. Os dois partem para a Espanha por motivos diferentes. Ele acompanha uma equipe na gravação de um filme republicano (The Spanish Earth), enquanto ela, é uma correspondente iniciante. 

Um romance logo se inicia e continua ao retornarem aos Estados Unidos. Casam-se após Hemingway obter o divórcio de sua segunda esposa. Gellhorn prossegue sua carreira cobrindo as guerras Russo-finlandesa e Sino-Japonesa.
O atrito acontece entre o casal quando o escritor fecha contrato como correspondente de guerra no lugar da esposa para cobrir o Dia D.
Ambos acabam embarcando para a Europa em guerra, a dedicação de Gellhorn ao trabalho e a distancia entre o casal faz com que Hemingway se apaixone por outra jornalista Mary Welsh, que se tornaria sua quarta e ultima esposa, após o divorcio com Gelhorn.
Por fim, a vida do escritor confirma o que foi dito no inicio do filme, pelo personagem  do escritor Scott Fitzgerald, amigo intimo de Hemingway: “Você vai precisar de uma mulher a cada livro”. E quem, seria a mulher à calar esta mente inquieta? Vemos que foi a ultima mulher de sua vida, a que também vivenciou seu "suicídio" acidental (?)




Analise:

Usando imagens de arquivo, o filme transporta os personagens para o tempo da guerra civil espanhola. A sensação que tive, foi bem parecida com minha infância quando assisti Woody Allen em Zelig, na madrugada da Globo, parecia ser verdade.

o filme reproduz este momento em que Hemingway, Gellhorn
conseguem uma entrevista com a líder chinesa Chiang Kai-shek
no momento da guerra Sino-Japonesa em 1941 
Essa sensação fica evidente na cena em que o escritor invade o quarto da Gellhorn para filmar a entrada das brigadas internacionais. Mistura imagens de arquivo, com cenas do filme em preto e branco, manipula imagens antigas gerando uma nova leitura, acrescentando novos personagens. Assim como Woody Allen constrói em Zelig  e Take the Money and run, uma atmosfera documental e fictícia que se confundem.

Este filme, reconstrói a atmosfera da época, nos levando assistir a uma espécie de making off (aos olhos do diretor) das cenas reais vivenciadas e gravadas por Hemingway e Gellhorn, mostrando que desde as causas do século passado a fotografia e o cinema eram recursos usados para documentar e denunciar.  

 
Preciso chamar atenção à cena linda, sexy e ao mesmo tempo cômica (?) de sexo entre os dois em meio a um bombardeio. Bem, não posso tentar descrever o quanto foi bonita essa cena, mas quem assistiu o filme do Villa Lobos, na cena de amor entre o compositor e sua primeira esposa, envolvendo piano, violoncelo e desejo, pode imaginar esta cena, envolvendo poesia, politica e desejo.
 

Outro fato engraçado no filme é quando Hemingway despede Orsson Wells do papel de narrador de The Spanish Earth.  A fala de Hemingway confirma que um grande mocmentarista, não pode ser um documentarista. Por fim, conferimos o que os fãs já sabem, que Hemingway é mais macho que muito homem. Deixo então meu aviso aos que dizem que escritores são maricas: cuidado, o mundo ainda espera por um próximo Hemingway, e meu coração também.




Minha Experiência  com Hemingway:

Eu tentei diversas vezes ler e entender o que Hemingway deixou, mas nunca pude capturar sua intensidade e profundidade, largava o livro pela metade. Depois de assistir esse filme há alguns meses, tive uma súbita boa vontade para com o autor. Dediquei minhas leituras subsequentes às suas obras:

O sol também se levanta
como um amor à segunda vista
Estou completamente apaixonada por Hemingway
Jardim do Édem
Por quem os sinos dobram
Adeus às armas
Arvore de historias e 10 poemas

Percebo em comum entre os personagens de Hemingway, o jogo com a morte e vida, a evidencia de um fim trágico, como uma busca do escritor por enfrentar esse fim, em sua própria vida. Ao longo de sua vida, o tema suicídio aparece em escritos, cartas e conversas com muita frequência, sendo um tema que o atormentava desde o suicídio de seu pai em 1929.
Sua mãe, Grace, professora de canto e ópera, alimenta este pensamento no escritor ao lhe enviar pelo correio a pistola com a qual o seu pai havia se matado. Hemingway, questiona então se ela queria que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança.
Aos 61 anos e sofrendo as consequências de sua vida boêmia, Hemingway optou pelo suicídio.
 

Este escritor virou um grande amor, e eu o leio, não só pela leitura, mas por ser ele, como é.


"sobre os escritores, os melhores, são os mentirosos"
Ernest Hemingway.
 
 
 
 


 

 

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