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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Persistência da Memória ( por Aline)


“ Sempre me perguntam por que os relógios são moles, e eu respondo: ‘ um relógio, seja duro ou mole, não tem a menos importância, o que importa é que assinale a hora exata.’ Nesse quadro, começa a haver sintomas de chifres de rinoceronte que se destacam, servem de alusão exata à desmaterialização constante desse elemento, e se transformam cada vez mais em um elemento místico.”

A cena é crepuscular. Com formas rochosas da costa catalã e uma oliveira sem folhas. O azul do céu e a cor de areia das rochas contrastam e criam uma sensação cenográfica. Os relógios derretidos: um está pendurado no galho da oliveira; outro está apoiado sobre um corpo amorfo; e outro desliza de uma parede rochosa, ainda há um quarto relógio duro e coberto de formigas.
Quando Gala viu a pintura, disse que ninguém poderia esquecê-la depois de tê-la visto. Verdadeiramente, os relógios moles, converteram-se em um símbolo de Dali.
É o triunfo da irracional e do delirante, porque o inconsciente e os sonhos estão fora do alcance do tempo e do espaço; é o triunfo sobre a lógica e a idéia de realidade.
O tempo não existe nem para o inconsciente nem no mundo dos sonhos, só existe na rigidez de nossa vida consciente e organizada. Porem a percepção do tempo é subjetivo: deforma-se, contrai-se, flui ou detém-se. Essa subjetividade é o expressam os relógios moles e dobrados de Dali; é o tempo surrealista. Ou, talvez a contraposição entre duro e mole adquire conotação sexual: os relógios moles seriam sinal de impotência.

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