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terça-feira, 22 de março de 2011

Godard e a ficção como documento parte III (por An Persa)

Tornando a questão mais clara e menos filosófica:


Usaremos dois filmes hollywoodianos clássicos. O primeiro é E.T. de Steven Spielberg. Excluindo-se a questão de um governo que persegue até o que não é uma ameaça, temos no final do filme uma tensão entre crianças e polícia. Quando as crianças fogem de bicicleta com o E.T. a polícia arma uma barricada para esperar por eles, com armamento pesado na mão.

O mundo, então, saído do pós guerra convivia com a violência em uma escala global, o filme se torna o registro, o documento de uma cultura, de um pensamento. Seria então, um tempo anterior a “Tiros em Columbine”.



Quando E.T. foi relançado nos cinemas em comemoração aos seus 20 anos, as armas deram lugar a comunicadores. A associação entre polícia, armamentos e crianças foi desfeita devido à mudança de valores, bem explorada em Elephant, de Gus Van Sant.

O outro exemplo é King Kong, morto fuzilado no original de 1933 e na sua refilmagem em 1976 quando o roteiro foi adaptado e trazido para a década de 70. A morte violenta de Kong é acentuada, já que no original preto e branco o sangue não pareceria tão real.
Na versão de Peter Jackson feita em 2005, Kong é humanizado e colocado como um herói entre os dinossauros sobreviventes na ilha. Ao equipará-lo ao “humano” e diferenciá-lo do “passado perdido” Jackson faz um registro da mudança de pensamento ecológico nesses 20 anos. No final Kong não escapa dos tiros, mas devemos lembrar que o diretor não trouxe Kong para 2005, mantendo a ação em 1933, justificando a ideia de ameaça sem criar conflitos na lógica do filme.
 
Falar de King Komg me fez lembrar ainda de outro filme, Jurassic Park, em que Spielberg em momento algo usa armas contra os dinossauros e sim dardos tranqüilizantes. As mortes, então, ocorrem somente através da ação do instinto dos animais.
 

Vemos, assim, que cada filme, em seu tempo possui no decorrer da sua película o pensamento de um grupo.

Fica então a pergunta, se Godard pensasse em fazer um projeto semelhante hoje, o que ele escolheria como símbolo da documentação?

Ao meu ver ele escolheria a própria realidade, sendo o Big Boss em um big brother cinema, tal qual ele mostrou em Film socialism, praticamente sem roteiro, ou atores profissionais, e como sempre repleto de citações, desta vez reproduções feitas pelo próprio diretor.

Sim, penso que mais uma vez ele brincou com a tensão entre realidade e ficção, desta vez de um modo ainda mais acentuado, o que é bem lógico, frente a lógica filmografia do diretor.


Para Baixar:


Gus Van Sant transforma em filme o Massacre de Columbine, ocorrido em 1999, o diretor não quer descobrir o motivo disto ter ocorrido, ele apresenta argumentos.
O filme tem ritimo lento, mas funciona bem para nos fazer entender as idéias do diretor.

2 comentários:

  1. Eu assisti Tiros em columbine na escola, fui pensando, que ia chato, mas gostei muito...

    quero muito assistir a esse filme que vc indicou Elephant.

    Bacana o fato de vcs indicarem sites onde podemos baixar filmes... o blog de vcs tá cada vez melhor!

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  2. Já disse pra vcs que

    "eu gosto de cinema e de coisas naturais" ??

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