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domingo, 9 de janeiro de 2011

Hannah e suas irmãs - 1986 (por An Persa)

Uma das obras de arte feitas por Woody Allen nos anos 80.
O filme apresenta sucessões de sutis citações as artes visuais, literatura e musica clássica, esta última se apresenta como um dos pontos altos do filme. W.A. Casa musica e cena, a musica atua como ponte que faz passar a ser cômica uma cena que se iniciou romântica.
A música ao mesmo tempo em que está casada com a cena, entra em cena, é mais que uma composição desta, é quase um personagem.

Outro “personagem” que me conquistou foi a própria cidade de Nova York, e sua arquitetura que foi apresentada como obra de arte a céu aberto, e mais uma vez temos a arte atuando como personagem quando a arquitetura, assim como a música, entra em cena e algumas vezes (no caso das esculturas espalhadas pela cidade) atuavam como uma extensão do pensamento ou do sentimento do personagem.

Nas cenas externas muitas vezes é possível ver pontos vermelhos compondo um cenário frio e pálido. São pontos vermelhos que ora são vibrantes ora são opacos; ora estão nítidos no quadro e ora estão se escondendo de nós. Esses pontos de luz são tão insistentes nas cenas e, sobretudo, nas externas, que parecem elementos postos intencionalmente.
São em quadros fixos focalizando um forte fundo vermelho, que por duas (maravilhosas) vezes, logo no inicio do filme, os atores entram em cena.

 
A Hannah de Mia Farrow:
A atriz rouba a cena, mais do que “Rosa purpura do cairo”, “Hannah e suas irmãs” é o seu filme. Não imagino outra atriz no lugar de Farrow. A personagem Hannah exigiu a fragilidade e delicadeza física da Mia Ferrow, e a doçura da sua voz em contraste com a força interior que a atriz só poderia impor através do olhar. Assim vemos a composição da personagem mais dominadora e centralizadora, um personagem verdadeiramente violento, que Mia Farrow encarnou de modo único, qualquer outra forma de compor Hannah teria sido exageradamente caricata.


As faces de W.A.

Os maridos das três irmãs, o sedutor Eliot, o artista sabichão Frederick (o meu favorito) e o hipocondríaco Mickey são, ao meu ver, três possibilidades de Woody Allen. Mas essas constantes especulações de qual personagem é o W.A. do filme me faz buscar um referencial Alleano em todos os filmes do diretor.


*(confesso que como todos sempre tenho a sensação de ver um Woody em cena, mesmo quando não temos Woody atuando, mas não consegui ver isso em “O sonho de cassandra”, e muitos também não viram. Soube que nas gravações W.A. deu uma de Kubrick e pegou no pé dos atores principais do filme, e muitas vezes fez interferências nas atuações, em entrevista os atores disseram que Allen nunca deixou claro as intenções dele apenas dizia “façam de modo diferente”, e que até o momento eles se perguntavam “o que Allen queria?” acho que essa é a pergunta errada, a questão é “quer que eu o imite W.A.?” de preferencia, faça isso gaguejando!)



Algumas outras questões do filme

A busca por deus e pelo sentido da vida que o personagem de Woody Allen faz no decorrer de “Hannah e suas irmãs” é o ponto alto da comédia do filme, e ao mesmo tempo muito existencialista.


Quando o judeu Allen tenta virar budista depois da falha tentativa aceitar Cristo como o messias
E o questionamento sobre o direito que o artista possui, e se ele possui direitos, de usar como inspiração as histórias de pessoas próximas, quando Holly a irmã de Hannah que vira escritora usa a historia de Hannah e seu marido como inspiração.









4 comentários:

  1. Oi =^.^= tou a visitar o seu blog (= vc ja viu os meus?

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  2. adoro o Woody Allen! Muito boa a sua visão do filme! tu tem um olhar bem treinado para cinema heim guria!

    confesso que não me lembro de ter vistos os pontos de luz vermelhos nas cenas exteriores, mas vi esse filme tem um tempo já...

    concordo quando diz que o Allen costuma se colocar no filme, me arrisco a dizer que os personagens que ele interpreta são os menos Woody allen.

    A questão que vc aborda sobre o filme "sonho de cassandra" são fatos verificáveis, sim! mas acho que o Allen em algum momento buscou sim se afastar da imagem do Woody nos filmes do Woody, acho que ele mesmo buscou isso, não só nesse filme como em macht point também.

    confesso que li uma entrevista que os atores de "sonho de cassandra" diziam mais ou menos isso que vc escreveu, ahco que li na SET, não lembro.

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  3. continuando...

    achei a Mia Farrow foda mesmo no filme! é exatamente isso que vc descreveu no seu post!

    sobre a questão dos maridos, que todos seriam uma forma de woody allen, concordo em partes, porque acho que alguns criticos exageram quando dizem que o Allen coloca um Woody em todos os filmes, não que isso seja ruim, ao contrário, chaplin mesmo tinha apenas o carlitos, e ainda assim não deixa de ser o maior e o melhor...

    mas cho que o Allen é mais cosmopolita que chaplin.

    outra coisa é a questão religiosa que vc comentou... acho que são as partes mais Woodyanas do filmes!

    Gosto como algumas questões se repetem nos filmes do Allen, a religião é uma delas!

    acho que a questão que explora o sentido da inspiração do artista em fatos reais, é o que completa, e o que dá sentido ao personagem da farrow... acho que é quando a irmã muda a história que o allen deixa claro a força do persogem da farrow, uma força que até então ficava presa a interpretação, com risco de "roubo de cena" aki allen deixa claro que o filme é da mia!

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  4. Achei bacana a visão que vc deu desse filme, ele passou no domingo passado na GNT, o filme tava rolando e eu jogando no PC, se tivesse lido a matéria antes teria prestado mais atenção.

    Bão, agora vou ter de baixar o filme... quero ver tudo isso ai que vc viu!

    PS:. MARILIA SUA SUMIDA, PASSA LÁ EM CASA!

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